Toni Daroz

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Toni Daroz
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Toni Daroz


Em uma conversa descontraída, regada a risadas e muita emoção, Seu Toni, como é mais conhecido, contou um pouco da sua história. Falar sobre a vida dele sem relacioná-la com a Usina Pilon de Cerquilho é simplesmente impossível, afinal, foi lá que ele aprendeu a sua profissão, conheceu sua esposa e construiu uma bela família.
Passando por praticamente todos os setores da empresa, a Usina Pilon foi o primeiro e único emprego de Seu Toni. Ele começou a trabalhar lá em 2 de junho de 1945, entrou como cortador de cana. Depois, tornou-se carroceiro, em seguida, motorista de caminhão e, até 1953, trabalhou no alambique de pinga.
Seu Toni participou até mesmo da construção do prédio em que a Usina funciona atualmente. Foi ele quem plainou o terreno com o trator para começar a obra. Quando a empresa começou a operar, alguns profissionais de outras cidades vieram ensinar como se fazia o açúcar, Seu Toni foi o responsável por aprender o procedimento e transmitir aos outros funcionários. Depois de compreender o processo e de ensinar a seu irmão Jordano, eles mesmos passaram a cuidar do setor.
Toni Daroz trabalhou mais 30 anos no Cozedor de Açúcar. Em 1983 se aposentou e assumiu a função de chefe de turma. São 71 anos ininterruptos de dedicação à empresa, Seu Toni trabalha até hoje todos os dias da semana, vai de segunda a sexta-feira, das 6h às 17h e aos sábados das 6h às 11h30.
“Venho cedo, dou uma volta em todos os setores da fábrica. Às 7h participo da reunião com os gerentes e supervisores para discutir como foi a produção do dia anterior, quando chego na reunião já estou sabendo de tudo. Às 8h30, gosto de operar um equipamento que é a alimentação de cana para extração do caldo. Faço a pausa do almoço e no restante do dia ou volto a operar o equipamento ou ando por toda a Usina ajudando no que for preciso”, conta.
Seu Toni acredita que o trabalho é essencial para manter corpo e mente fortes, “eu gosto de trabalhar, não tenho força mais para bater marreta, mas ainda sou capaz de vir. Trabalhar é melhor do que ficar parado, por isso, estou com 90 anos, 71 de firma, e tenho vontade de trabalhar”, afirma.
A gratidão e a união com a família Pilon conquistada com muito trabalho e respeito ficam estampadas em cada resposta. Todos os filhos dele trabalham na empresa e alguns netos também, para Seu Toni, isso é motivo de muita alegria. “Quer mais bonito que isso? Quer mais presente que isso?”, comenta.

Família
Seu Toni conta que quem ensinou ele a cortar cana foi Cecília Pilon, responsável pelo setor e filha de Luis Pilon. Depois de algum tempo que eles se conheceram, ela propôs que eles namorassem, “eu falei para ela: ‘mas você vai casar com pobre? Não, você tem dinheiro, tem família, arrume alguém melhor para você. Sou muito miserável e pobre’. Ela me respondeu que não queria casar por dinheiro, que queria um homem trabalhador”, relatou.
Então, Seu Toni foi até a casa dela pedir permissão, todos ficaram felizes com a notícia. Eles namoraram por dois anos e decidiram se casar. “Eu não tinha dinheiro, conversei com meu pai e ele disse que era para nós casarmos e irmos morar com ele, tinha um colchão de palha de casal sobrando. Eu não tinha dinheiro nem para comprar a aliança, o João Pilon comprou a aliança da minha esposa, e eu emprestei a aliança do Mário Daroz para casar, ficou larga, caia toda hora”, revelou.
Cecília foi a primeira e única namorada de Seu Toni, sempre que ele falava sobre ela na entrevista, seus olhos brilhavam e o carinho e amor por ela transbordavam, às vezes em lágrimas de saudades, mas, na maioria das vezes com uma boa gargalhada.
Pai de 5 cinco filhos, avô de 6 netos e bisavô de 4 bisnetos, Seu Toni preza muito pela companhia da família. “Toda terça-feira vão todos lá para minha casa, é uma alegria só. Nós já nos encontrávamos quando minha esposa era viva e continuamos até hoje. Graças a Deus, a nossa família é bem unida, por isso eu estou bem e sou feliz”, conta com orgulho e com um sorriso sem disfarce.


Muito religioso, Seu Toni reza seis terços por dia, um pela manhã e outro pela noite, ao longo do dia, na Usina, ele reza várias vezes por todas as pessoas que já faleceram. “Eu sempre rezei bastante, sou ministro de eucaristia, dei aula de catecismo por 20 anos em diversas comunidades, fiz várias celebrações”, comenta.
Desde 1984, Seu Toni tem a tradição de todo dia primeiro de janeiro distribuir pelos bairros carentes doces e pães para as famílias. Atualmente, são mais de 4 mil doces distribuídos e 2,2 mil pães. “É muito bonito ver a alegria que uma ação como essa pode trazer para as pessoas, agradeço a Deus por poder ajudar um pouquinho”, conclui.
No fim da conversa, Seu Toni garante que para o futuro não quer dinheiro, “não quero ser rico, quero viver feliz”. Com tanta saúde e força de vontade aos 90 anos, é impossível não perguntar qual é o segredo do Seu Toni, e ele respondeu: “trabalhar bastante, rezar bastante e não beber muito”.
Por fim, ele agradece a Deus por tudo que conquistou, repete que é muito feliz, grato e finaliza com uma brincadeira “sou realizado, criei minha filharada, todos estão bem, trabalhando, só não sei se vão conseguir acompanhar o ‘véio’.”, finaliza com mais uma gargalhada.

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