Juros futuros sobem com pressão do câmbio e indefinições do novo governo

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Após uma manhã de volatilidade, os juros futuros se firmaram em alta e renovaram máximas durante toda a tarde desta quinta-feira, 8, em especial na ponta longa da curva, que reage mais fortemente aos riscos político, fiscal e externo, na medida também em que o dólar fincou pé no terreno positivo na etapa vespertina. Num dia de noticiário com potencial fraco para fazer preço - o destaque da agenda, a decisão de política monetária nos Estados Unidos, veio só no fim da tarde e sem surpresa -, o câmbio mais depreciado e a impaciência dos investidores com a falta de definições e ruídos de comunicação na transição de governo determinaram a trajetória ascendente da curva nesta quinta-feira. Ainda, o mercado reagiu mal à aprovação, na quarta à noite, do reajuste de 16,38% nos salários do Judiciário.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 encerrou em 7,15% (máxima), de 7,133% no ajuste de quarta, e a do DI para janeiro de 2021 subiu de 8,153% para 8,20%. A taxa do DI para janeiro de 2023 avançou para 9,48%, de 9,313% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 fechou em 10,06%, de 9,862%. O DI para janeiro de 2027 terminou em 10,44% (10,21% na quarta).

Foi um dia ruim para moedas de economias emergentes, com o dólar à vista aqui tendo atingido a máxima de R$ 3,7631 à tarde, o que definiu o rumo de alta para os juros. Na última hora de negócios, contudo, o dólar desacelerou o ritmo para fechar em R$ 3,7479 (+0,22%).

Profissionais consultados afirmam que, além da contaminação do câmbio, a demora do governo em divulgar os nomes para cargos-chave na equipe econômica passa uma sinal negativo para o mercado, já incomodado com os ruídos de comunicação sobre as reformas. "Nesta semana, já era para termos alguma definição dos nomes, mas não temos nada ainda. Falta assertividade também sobre como será a execução do plano de governo", resumiu Rogério Braga, diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset.

Quanto aos nomes, as atenções estão voltadas principalmente ao comando do Banco Central. Segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Ilan Goldfajn só não fica se não quiser. Fontes da equipe afirmaram que sua permanência depende de sua "motivação pessoal". Nos bastidores, a leitura é de que a questão da autonomia do BC pode abrir espaço para ele ficar no cargo até março de 2020.

O aumento de 16,38% no Judiciário terá efeito cascata para a União e os Estados e pode custar cerca de R$ 4,1 bilhões por ano, o que dificulta ainda mais o ajuste nas contas públicas dos novos governos, federal e estaduais. Mas, para além das contas em si, a decisão do Senado emite uma mensagem ruim. "A classe política deu um recado a Bolsonaro: de que não é bem assim. Haverá dificuldade maior de ajuste fiscal para 2019 e mostra o quão complexo deve ser o jogo político", disse o economista-chefe da Spinelli, André Perfeito.

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