Oposição pede demissão de embaixador de Israel nos EUA por não informar assédio

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A parlamentar israelense Karin Elharrar, do partido oposicionista de centro Yesh Atid, declarou neste domingo que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deveria demitir o embaixador do país para os Estados Unidos, Ron Dermer, por não ter reportado acusações de assédio sexual contra um assessor próximo a Netanyahu. Karin diz que Dermer recebeu informações relacionadas ao porta-voz de Netanyahu para a imprensa internacional, David Keyes, mas não reportou o caso. Ela também atacou o próprio Netanyahu por não se manifestar sobre o assunto.

Na semana passada, Julia Salazar, candidata ao Senado pelo Estado de Nova York, acusou Keyes de ter abusado sexualmente dela há cinco anos. A repórter do jornal Wall Street Journal Shayndi Raice também escreveu no Twitter que teve um "encontro terrível" com Keyes antes de ele ter se tornado porta-voz de Netanyahu. Shayndi o descreveu como um "predador" e alguém que não tinha "absolutamente nenhuma concepção da palavra 'não'".

Desde então, mais de uma dezena de mulheres vêm apresentando acusações, algumas referentes a atos cometidos por Keyes depois de ele ter assumido o atual cargo no governo israelense, no início de 2016. Keyes, 34 anos, nega e diz que todas as afirmações "são profundamente enganosas". O porta-voz pediu uma licença do cargo para, segundo ele, tentar limpar seu nome.

Karin disse que espera do primeiro-ministro uma clara condenação ou ao menos uma menção de que as alegações seriam analisadas. "Quem senão o primeiro-ministro deveria ser um exemplo sobre este assunto? Chegou a hora de a questão do assédio sexual estar no topo de sua agenda", disse a parlamentar à Associated Press.

No fim de semana, Dermer confirmou ter sido avisado, no fim de 2016, pelo colunista do jornal The New York Times Bret Stephens - depois do Wall Street Journal - sobre o comportamento agressivo de Keyes em relação às mulheres. O The New York Times reportou que Stephens avisou Dermer que "Keyes oferecia riscos a mulheres dos escritórios do governo israelense". Segundo o jornal, algumas organizações para as quais Keyes trabalhou adotaram medidas para mantê-lo distante de suas estagiárias.

Dermer justificou não ter relatado o caso após tomar conhecimento por não considerar que assédio seria crime. Elharrar rebateu, em sua carta a Netanyahu, que Dermer não seria qualificado para julgar o caso. Segundo a parlamentar, assédio sexual é considerado crime pela lei israelense e servidores públicos são obrigados a relatar qualquer conhecimento sobre o assunto. Dermer, como embaixador israelense, estaria sujeito às tais leis mesmo em solo americano. "Não é razoável que alguém que detenha tal posição de destaque viole a lei de maneira tão descarada", afirmou a parlamentar.

Não é a primeira vez que um aliado próximo a Netanyahu é acusado de assédio sexual. Natan Eshel, ex-assessor do alto escalão do primeiro-ministro, foi forçado a renunciar em 2012 após alegações de que teria assediado e intimidado uma mulher no gabinete de Netanyahu, inclusive tirando fotos da saia dela. No início de 2018, o filho do primeiro-ministro, Yair, passou a ser alvo de críticas após a divulgação de uma gravação em que ele aparece dirigindo de forma imprudente, a caminho de clubes de Tel Aviv. Ele também fez comentários misóginos contra dançarinas, garçonetes e outras mulheres. Fonte: Associated Press.

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