Tapiraí, no interior de SP, vive rotina de explosões de caixas eletrônicos

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O taxista Emerson Ferreira de Souza, de 31 anos, já sabia do que se tratava quando viu duas caminhonetes fechando a pista de acesso a Tapiraí, a SP-478, na madrugada de 12 de dezembro do ano passado, data que fala de bate-pronto. Ele diminuiu a velocidade do carro, que levava duas senhoras para atendimento médico em uma cidade vizinha, até parar, e baixou os vidros para ouvir o que os homens encapuzados e portando armas de fogo longas tinham para falar. Seria mantido refém durante a ação da quadrilha contra o banco da cidade.

O ataque de 2017 era o quinto em quatro anos na pacata cidade de 8 mil habitantes, próxima de Sorocaba, que se autointitula capital do gengibre. A tentativa, por alguma razão que foge à compreensão de Souza, falhou e ele só viu de dentro do seu carro quando saiu muita fumaça e o bando abortou o crime. O taxista não sabe, no entanto, se aqueles eram os mesmos homens que voltariam, na Sexta-feira Santa deste ano, para completar o serviço com uma sequência de explosões. Dessa vez com sucesso, chegando ao recorde de seis ataques em cinco anos.

A única coisa boa que tira de tudo isso, se é que se pode chamar de bom, é que o número de corridas no seu táxi aumentou. É que, sem agência bancária, a população tem de se deslocar até a vizinha Piedade para ter o serviço. "Mesmo assim, parece que a cidade fica sem dinheiro vivo", disse Souza.

Shingue Inada, de 59 anos, mora por trás do seu bar, que reclama ser o mais antigo da cidade. O estabelecimento fica em frente à agência bancária favorita dos criminosos, na avenida principal da cidade, com saída tanto na direção de Sorocaba, como para o sul, na direção de Registro. "Na primeira vez ainda houve aquela comoção, a surpresa do ataque. Agora, já sabemos que a quadrilha está atacando o banco", disse Inada. "Eles falam para a gente não chegar nem perto."

No destacamento da Polícia Militar na cidade, geralmente há dois agentes de plantão. O comandante, sargento José Aparecido Vieira, assume a dificuldade no combate a esse tipo de crime. "Eles têm uma ação planejada. Geralmente, há uma pequena ocorrência na zona rural, que tira a nossa atenção, e então a quadrilha age. Mas com esse poder de fogo não tem como enfrentar. Chamamos o reforço", disse o sargento, que destaca prisões no ano passado ligadas a essas ocorrências. A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba investiga os casos.

Na frente da agência, tapumes de madeira pintados de branco dão brecha para ver uma tentativa de reconstrução do banco. Dentro, um vigilante olha para a rua assustado sempre que desconfia de algo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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