UE condiciona negociações do Brexit a solução para fronteira na Irlanda

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O presidente da Comissão Europeia, Donald Tusk, e o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, fizeram um comunicado conjunto nesta quinta-feira sobre a futura relação do Reino Unido com a União Europeia após o Brexit e o dirigente do bloco condicionou o avanço das conversas sobre o Brexit a uma solução para a fronteira entre as Irlandas.

"Se em Londres alguém supor que as negociações do Brexit vão lidar com outras questões antes de solucionar o problema irlandês, minha resposta seria: Irlanda primeiro", disse Tusk.

Do lado irlandês, Varadkar se comprometeu a fazer o possível para evitar uma fronteira dura com a Irlanda do Norte, enquanto Tusk disse estar no aguardo do Reino Unido apresentar uma proposta para essa questão.

Achar uma solução para a fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte tem sido, ao longo das negociações entre a UE e o Reino Unido, desafiador. Por estar separada geograficamente do resto do Reino Unido, a Irlanda do Norte divide uma fronteira terrestre com a República da Irlanda, a qual, por sua vez, é membro da UE.

A Irlanda do Norte tem um histórico de conflitos violentos iniciados na década de 1960 nos quais a população se dividiu entre protestantes a favor de permanecer no Reino Unido e católicos que queriam se juntar à República da Irlanda. O Acordo de Belfast, assinado em 1998, selou a paz ao estabelecer o compartilhamento de poder entre católicos e protestantes, e a existência de uma fronteira alfandegária causa preocupações dos lados britânico e europeu com um possível retorno da violência.

Bens e serviços
Ao detalhar um comunicado de ontem, no qual Tusk rejeitou o pedido da primeira-ministra britânica, Theresa May, sobre um acordo comercial abrangente, o dirigente voltou a citar que a única relação possível no pós-Brexit seria um acordo de livre comércio de bens e comércio, sem englobar serviços.

"Serviços precisam de regras, supervisão e aplicação comuns. Para garantir a integridade do mercado único, não podemos fazer a mesma oferta para serviços que fizemos para bens", disse Tusk. Estão incluídos nesse grupo os serviços financeiros, que devem afetar especificamente a City de Londres, onde estão concentrados os maiores bancos da Europa.(Flavia Alemi - flavia.alemi@estadao.com)

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