Suprema Corte da Suíça rejeita recurso de Michel Platini

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A Suprema Corte da Suíça rejeitou nesta quinta-feira um recurso que havia sido apresentado pelo ex-presidente da Uefa, Michel Platini, banido da gestão do futebol por quatro anos. O cartola e ex-jogador francês foi punido pela Corte Arbitral dos Esportes (CAS, na sigla em inglês) por irregularidades financeiras ligadas a um salário pago pela Fifa.

Num gesto raro, Platini optou por retirar o caso do âmbito esportivo e levou o assunto até a instância mais alta do Judiciário suíço, na esperança de reverter sua punição. Mas, para a corte, a sentença "não se manifestou de forma excessiva".

Argumentando que havia sido alvo de uma perseguição política, Platini ainda buscava ser inocentando, mesmo depois que a decisão do CAS o levou a abandonar a corrida para presidir a Fifa. A decisão ainda o impedirá de concorrer às próximas eleições da Fifa, marcadas para 2019.

Em tese, o francês poderia disputar o pleito apenas em 2023. Mas pessoas próximas ao ex-jogador confessaram ao Estado que ele deve abandonar a carreira de cartola. O cálculo é de que, mesmo em sete anos, poucos ousarão votar em um candidato com um passado de "ficha suja".

No ano passado, a Fifa puniu Platini com oito anos de suspensão depois das revelações de que ele recebeu cerca de US$ 2 milhões (cerca de R$ 6,6 milhões) em pagamentos por parte de Joseph Blatter, nove anos depois dos supostos serviços que prestou para a Fifa.

Além de ter escondido da direção da entidade, Platini foi acusado de ter colaborado com uma falsificação das contas da Fifa ao não registrar esse pagamento que deveria ser realizado. Isso por conta do fato de ele não apenas ter prestado o serviço, mas também ocupar o cargo de vice-presidente da entidade.

A suspeita é de que os US$ 2 milhões foram dados por Blatter para Platini em 2011 para evitar que o francês entrasse na corrida presidencial daquele ano e fosse uma ameaça para o suíço.

Originalmente, a punição sobre o francês havia sido de uma suspensão de oito anos do futebol. Joseph Blatter também foi punido e passou até mesmo a ser investigado pelo Ministério Público Suíço por gestão desleal.

Mas Platini, assim como Joseph Blatter, recorreu da decisão nos próprios órgãos da Fifa. A punição foi mantida, mas, por causa de sua contribuição ao futebol mundial, a suspensão foi reduzida para seis anos.

ARGUMENTOS - A CAS confirmou a punição, mesmo reduzindo-a para quatro anos. Segundo a entidade, o contrato de trabalho de Platini com a Fifa, assinado em 1999 e válido até 2002, previa um pagamento anual de US$ 300 mil (R$ 990 mil). "Não foi até 2011, quatro meses antes das eleições na Fifa, que a entidade pagou US$ 2 milhões para Platini", alertou a decisão do tribunal.

A corte apontou que, nas audiências, Platini justificou que o pagamento de US$ 1 milhão por ano havia sido um acordo dele com Blatter, ainda em 1998. Mas o tribunal indicou que "não ficou convencido da legitimidade do pagamento de US$ 2 milhões, que apenas foi reconhecido por Platini e Blatter, e que ocorreu mais de 8 anos depois da relação de trabalho".

Segundo a corte, não existe nenhum documento justificando tal acordo e, além disso, Platini passou a se beneficiar de um sistema de aposentadoria que "não lhe correspondia". Por esses motivos, Platini foi condenado por "tirar vantagens indevidas" dos recursos da Fifa e por violar o Código de Ética da entidade. A decisão foi tomada de forma unânime pelos três juízes que avaliaram o caso.

A corte, porém, optou por reduzir a punição de seis para quatro anos, o equivalente a um mandato como presidente da entidade. "A decisão original (de oito anos) era severa demais", apontou.

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