Juros: trechos médio e longo da curva sobem, em realização

Notícia
Espaço entre linhas+- ATamanho da letra+- Imprimir




O pregão termina com uma realização de lucros nos trechos médios e longos dos juros futuros, depois de um forte fluxo garantir quedas expressivas das taxas ao longo da semana. Catalisador do movimento de hoje, o risco fiscal permanece dando as caras, mas a busca pelo risco se impôs no quadro semanal. O diferencial entre os contratos janeiro de 2022 e janeiro 2027, que ilustra o comportamento da inclinação da curva, recuou a 383 pontos-base - o menor nível para uma sexta-feira desde agosto. Sexta-feira passada, para efeito comparativo, esse spread foi a 422 pontos.

A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 foi de 3,029% para 3,090% no fim da sessão regular e 3,075% na estendida. O janeiro 2025 passou de 6,114% para 6,130% (regular e estendida). E o janeiro 2027 avançou de 6,903% para 6,920% (mínima) e 6,930%.

O movimento de alta se suavizou nos minutos finais da sessão regular, depois de o dólar virar para o negativo (a moeda terminou cotada em baixa de 0,30%, aos R$ 5,1246) diante da entrada de recursos para o Ibovespa.

Fluxo, aliás, que resume a semana no mercado de DI, embora não a conte toda. Embora o ruído fiscal tenha aumentado bastante, diante de pressões renovadas sobre o teto de gastos e articulações no Congresso para usar o precedente do Tribunal de Contas da União (TCU) para empurrar gastos de 2021 para 2022, o mercado recebeu bem esta semana os seguidos sinais de compromisso de parte do governo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem reforçado a narrativa de que o auxílio emergencial não será necessário em janeiro, dado que a economia estaria, segundo ele, fazendo trajetória de recuperação em 'V'. O presidente Jair Bolsonaro vai na mesma linha. Some-se a isso o compromisso do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de não colocar em votação projetos que estendam mecanismos extraordinários do Orçamento, como a PEC da Guerra ou o Estado de calamidade.

O investidor tem pela frente uma agenda carregada na próxima semana. Destaque para o IPCA de novembro (terça-feira), para o qual se espera desaceleração a 0,78% (mediana do Projeções Broadcast), e a divulgação da decisão do Comitê de Política Monetária (quarta-feira), em que é unânime a expectativa de manutenção da Selic a 2%.

"Esperamos que o Copom mantenha a taxa Selic em seu nível mínimo histórico na reunião dos dias 8 e 9 de dezembro. A nosso ver, isto seria consistente com a comunicação recente de que ainda estão presentes as condições para a manutenção do forward guidance, apesar da indicação de que mudanças de política que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto de gastos ainda seja nominalmente mantido", destaca, em relatório, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita.

Além disso, na quinta-feira são informadas as vendas no varejo e na sexta-feira, o volume de serviços, ambos de outubro. Na política, segue o acompanhamento do julgamento virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto a possibilidade de reeleição no comando do Congresso, o que tem travado a pauta de votações.

Notícia