Dólar tem 3ª alta seguida e fecha em R$ 4,25 em dia de nova intervenção do BC

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O mercado de câmbio teve novo dia de nervosismo e o dólar chegou a ser negociado a R$ 4,27, na máxima do dia. Os ânimos dos investidores só se acalmaram após o Banco Central fazer um novo leilão surpresa de dólar à vista, o terceiro desde ontem. Após a venda da moeda, em volume não revelado, as cotações da divisa americana se acomodaram na casa dos R$ 4,25. No fechamento, o dólar à vista teve o terceiro dia seguido de valorização e subiu mais 0,44%, a R$ 4,2586, novo recorde do Plano Real.

Com o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos amanhã, a expectativa é que o mercado cambial fique mais calmo nesta quinta-feira, 28. Hoje, o volume de negócios já foi um pouco menor, ficando em US$ 20 bilhões no mercado futuro, ante US$ 30 bilhões ontem.

Foram indicadores acima do esperado da economia americana divulgados hoje que ajudaram a fortalecer o dólar no mercado financeiro mundial, pressionando o câmbio também aqui. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,1% no terceiro trimestre, ante expectativa de Wall Street de avanço de 1,9%. As encomendas de bens duráveis subiram 0,6% em outubro, enquanto se esperava queda de 1%.

"A pressão para a valorização hoje foi principalmente externa", ressalta o gestor da Paineiras Investimentos, David Cohen. Além dos indicadores mais fortes dos Estados Unidos, as moedas da América Latina continuaram sob pressão, em meio a nova onda de protestos no Chile. O dólar disparou 2,5% hoje ante o peso chileno. Na Colômbia, subiu 0,80%. Cohen ressalta que depois que o dólar rompeu os R$ 4,20 tem havido bastante demanda compradora da moeda. Parte é reflexo da sazonalidade de final de ano, quando empresas precisam da moeda para remessas ao exterior.

As ações surpresas do BC, avalia o sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, ex-presidente da autoridade monetária, vão na linha de evitar volatilidade excessiva da moeda, inclusive quando causada por ruídos, como os causados pelas declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. "A atuação do BC foi correta. Uma estilingada do câmbio provoca transferência de riqueza grande entre agentes econômicos por uma razão banal e gera incertezas. Acaba prejudicando o próprio desempenho da economia", disse Loyola.

A Tendências projeta que o câmbio deve encerrar o ano perto de R$ 4 e Loyola vê novo corte de juros em dezembro, de 0,50 ponto porcentual, mesmo com o real mais depreciado. "Fizemos na Tendências alguns cálculos mostrando que nesse novo nível de câmbio não há risco para a meta de inflação", disse ele. O gestor da SPX, Rodrigo Xavier, tem em seu cenário-base o dólar em R$ 4,30 e o estrangeiro não voltando para o mercado de portfólio brasileiro (renda fixa e ações).

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